terça-feira, 18 de novembro de 2008
VOCÊ ESTÁ AÍ? - MATERIAL DE INTERVENÇÕES
Durante as intervenções com as portas em São Paulo, o objetivo principal era pesquisar os lamentos das pessoas da cidade e o que elas gostariam de mudar, realizar, fazer.
Enquanto as portas fixas desempenhavam uma função dupla, um lamento político-social implícito ao propor uma nova possibilidade de cidade, as portas móveis encorajavam o testemunho pessoal.
Em termos de estrutura, apresentávamos as perguntas em pequenas plaquinhas que poderiam ou não ser lidas através dos olhos mágicos de nossas 5 portas caminhantes. Começamos com perguntas fáticas:
"Olhe aqui"
"Você está aí?"
"O que é isso que nos separa?"
Essas perguntas criam um jogo bem humorado com os participantes do público. E é muito divertido brincar com olhar e ser olhado através da pequena lente convergente.
Depois de brincar, perguntamos:
"O que você lamenta?"
Nesse instante, acontece um momento de suspensão. Um momento revelador daquele ser humano na nossa frente. Um contato real, íntimo e até perturbador. Pequeno silêncio. A energia, antes focada na relação com o performer, se volta para si mesmo. Um olhar pra dentro que pode durar segundos, ou muito tempo, mas que, de um jeito inescapável, altera a densidade leve daquele momento.
As reações variam. Há aqueles em que surge uma tristeza. Há aqueles que revelam um amor desmedido pela vida que se viveu até então (principalmente entre as senhorinhas que já viveram muito!) e nenhum arrependimento ou lamento. E muitas respostas fortes, corajosas, chocantes ou banais, que são escritas nos recadinhos e coladas no lado "Porta da lamentação".
Quando a pessoa acha que a interação acabou (alguns até desanimados pelo lamento), vem a revelação do outro lado da porta e uma nova pergunta:
"Que porta você quer abrir?"
As respostas do "lado da esperança" têm um vínculo muito forte com a resposta do lamento. Uma conexão entre os dois lados.
Algumas vezes, a pessoa do público nos pergunta de volta.
E você? Que porta você quer abrir?
Confesso que toda vez que isso aconteceu comigo, não consegui responder.
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Um comentário:
'Que porta vc quer abrir?' Não tive resposta... fiquei perturbada, não pela pergunta, mas por não ter/saber a resposta. Então perguntei: Todo mundo responde essa pergunta? Ana respondeu: Sim, normamente todos respondem. Fiquei intrigada e muda. Mas vc não precisa ser igual a todo mundo, Ana falou. Eu... fiquei aliviada!!!!
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