terça-feira, 18 de novembro de 2008

DIFERENÇAS ENTRE CRIAR JOGO E CRIAR COMPOSIÇÃO: A RECEPÇÃO DO PÚBLICO- digressões da direção

Ver um signo.
Um objeto: um pedaço de papel, uma vasilha de água, uma porta branca.
Na composição, a liberdade de combinações múltiplas com objetos vários.
No jogo, uma relação que se desenvolve e persegue uma direção.
Como o ator cria?
Como o público se relaciona com isso?
Pensamentos incompletos a seguir...


COMPOSIÇÂO
A composição pode incluir momentos de jogo.
Mas, como atores partimos sobretudo de arranjos, aleatórios ou não.
A preocupação maior é encadear os acasos dentro das restrições propostas.
Ao criar uma composição, não se sabe exatamente aonde vai se chegar (não que a gente saiba no jogo). Os níveis de relação são vários. Pode-se trabalhar vários focos. Não há a preocupação em dividir com o público todos so signos. Nem de dominá-los.
O público se envolve com o momento porque uma ação se desenrola, ou porque algo o atrai.
Mas não obrigatoriamente compreende todos os passos.
Um enigma estético?
Ao assitir uma composição, eu-público me sinto na iminência de um ataque terrorista. "Algo vai acontecer! Mas o que é isso que vai acontecer?"... mesmo no sutil, eu-público numca sei por que lado uma composição irá me atingir.



O JOGO
Na criação de jogo, uma exposição.
A apresentação de um "problema", uma relação que se desenvolve e se tensiona até uma resolução. Fios que vão se esticando, enrolando, criando desenhos, envolvendo tudo ao redor. Fios que nos mantêm suspensos porque podem a qualquer momento estourar.

Toda vez que, como público, me deparo com uma situação real de jogo, sinto essas voltas no meu estômago. Estou diretamente implicada, envolvida, enrolada por esses tais fios invísiveis do jogo. Na minha cadeira de público, jogo também, ansiosa, revirando os pés no chão, agindo também na minha enganosa aparente imobilidade. Vejo as soluções que escapam, as chances perdidas, as armadilhas onde cai o pobre personagem-jogador. Sinto compaixão e identificação.
O ator joga e eu-público ajo na minha cadeira.
Deparada com o jogo, eu-público sinto prazer imenso. Mas isso só porque tenho elementos suficientes para compreender, identificar-me e participar.

Na construção do jogo, os atores tem que ser capazes de expor claramente a situação, nada se esconde. Mesmo que, o tempo todo, como na vida, sejamos surpreendidos por novos revezes ou revelações.
Mas o ponto de partida e uma possível linha de chegada (muitas vezes inalcançável) estão lá o tempo todo.
Um ponto fixo de onde se pode ver o movimento.
E o ator oferece essas direções ao público com generosidade e com consciência de que está jogando.

(Jogar tem a ver com escuta, generosidade e deixar a identificação para o público, não para o ator.O ator se engaja na jogo, mas não é vítima dele. Bom, grande assunto. Fica para um próximo comentário.)


AQUI
Pesquisamos neste momento composição e construção de jogo. Como as duas formas de criação refletem o que vivemos?
Fico pensando em tudo que estou lendo do Baumman... Post sobre isso em breve.

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